This is the report of our collaborator Giulia Assogna about her field work time in Rio do Brasil reserve this year. Text in English, Português and Italiano.
An Italian in the Atlantic Forest
I had the pleasure of collaborate with the NGO Neotropical Primates Research Group in May and June 2018, staying at Private Reserve Rio do Brasil (Porto Seguro, southern Bahia), a Brazilian Atlantic Forest area, preserved since 2008. My assistance in NeoPrego’s research was part of an international project called “TornoSubito”, financed and supported by Regione Lazio (Italy). In this project, I participate as a biologist and educator.
For me, who lived my whole life in a big city, Rome, it was an incredible experience to live so close to nature. Every day, at sunrise, my alarm was the chirping of the birds outside the window and the bass lines of the guigó (Callicebus melanochir) heard from distance.
My main daily task was to walk in the bush among huge trees, coatis and blue butterflies looking for groups of crested capuchin monkeys (Sapajus robustus). The objective of the research was to habituate them to human presence and to acquire as much information as possible about the populations there, whose habits are still little known by science. The crested capuchin monkey is a species of capuchin monkey endemic to Brazil, that lives in a small range of Atlantic Forest between southern Bahia, east of Minas Gerais and Espírito Santo, and south of Rio Jequitinhonha and north of Rio Doce. It is estimated that the population of this species has declined by 50% over the past 48 years and has been listed as an endangered species. The main causes of this decline are habitat fragmentation and loss of territory in which these animals live to give way to livestock and cacao crops. Knowing the habits of a species is the first step for formulating a successful conservation strategy.
In my stay at the reserve I walked a lot, even in the scorching sun or torrential rain days, accompanied by the valiant local guides. They, with love and experience, taught me to recognize the different noises and to pay attention to every minute detail.
To my great satisfaction, I memorized all the tracks and the secret shortcuts among the trees. Also, I spent many hours in a cabin of branches and leaves, skillfully built by the reserve workers, in the only area where the canopy of trees left space for sunlight. There, two automatic traps were placed, and within these we brought fruit and boiled eggs to lure the monkeys. In the hut, quiet for not revealing our presence, we expected at least one individual to get in the trap to eat. In this way we hoped to capture him, install the radio collar and thus follow the group to which he belonged. In the first few days I was in hiding 12 hours a day, along with Dr. Tiago Falótico, hoping that the capture would work. Unfortunately, this has not happened yet. But in the hours of waiting, the silence was magnetic, intense as only the voice of nature knows to be. Outside, the smell of damp moss, mingled with the warmth of the air and the energetic sky interlaced brightly between the trees and leaves, giving the skin a strange sensation. It was like being inside a magic bubble suspended in time.
When, on the way, we heard noises from leaps between branches, we knew the monkeys were very close to us. Then we would hide and stand behind a tree, waiting for the right moment to watch the animals up the forest, record a video or take some photos. Each time, I had to register the GPS point of the encounter, an important action to then designate a fairly accurate map of the area of the species in the reserve.
Before the experience in Brazil, I had never seen a primate outside a zoo. Seeing so many of them all together in their natural habitat made me tremble with emotion. It was an indescribable surprise. They were curious, and at the same time they were afraid. The more daring studied us attentively, and from the top, blinked their eyes in our direction to understand what we were doing. Others, more timid, appeared among the leaves, and soon after hid, fearful of my camera noises. I saw them walk, jump, eat, rub, play, cross their tails, threaten us with branches as a defense. Each time, I saw the force of evolution stand proud in front of my eyes.
Around the place prepared for capture, the forest remained powerful, wild and intact. It always amazed me the unlimited shades of green and the streams that appear suddenly after a rainy day. I enjoyed following the flight of those blue butterflies, large as a hand, and I loved waiting for the redness of the sunset hidden among the palm trees. Before bed, I loved to watch the elegant dance of the fireflies that illuminated the compact darkness of the night.
Every look in the woods gave a feeling of immensity and peace that filled the heart with astonishment. Everything made living a serenity that now has become almost necessity.
NeoPReGo has given me the opportunity to follow for the first time scientific field research, to see stunning landscapes and to independently collect unpublished data on animals difficult to find in the natural habitat. In addition, I had the privilege of knowing a simple and pure culture, truly linked to the fundamental values of existence. I have met good people whose lives are still far from the futile superficiality of this world.
I know that I learned a lot as a researcher, of a sometimes hostile nature, and sometimes a friend. And I know that I grew up as a person, with the wisdom of untiring and patient men. Resolved men, passionate about the bush and the earth, that thrill and offer food in abundance.
Now I went back to my house in Rome. Smiling, I look at the taken photos with affection and I am deeply grateful to have known the wonders of an authentic, difficult and welcoming world of which we, ungrateful, have often forgotten.
Giulia Assogna
Uma italiana na Mata Atlântica
Tive o prazer de colaborar com a ONG Neotropical Primates Research Group nos meses de maio e junho 2018, ficando na RPPN Rio do Brasil (Porto Seguro, sul da Bahia), área de Mata Atlântica brasileira preservada desde 2008. Meu trabalho na pesquisa da NeoPrego foi parte de um projeto internacional chamado “TornoSubito”, financiado e suportado da Regione Lazio (Italia). Neste projeto, eu participo pessoalmente como bióloga e educadora.
Para mim, que a vida toda morei numa cidade grande como Roma, foi uma experiência incrível viver tão perto da natureza. Todos os dias, ao raiar do sol, meu alarme foram o chilrear dos passarinhos fora da janela e os versos graves dos guigó (Callicebus melanochir) ouvidos a distância.
Minha tarefa cotidiana principal era andar no mato entre arvores enormes, quatis e borboletas azuis procurando os grupos de Sapajus robustus. O objetivo da pesquisa era habituar eles á presença humana e adquirir o máximo de informações possíveis sobre as populações presentes, cujos hábitos são ainda pouco conhecidos pela ciência. O macaco-prego-de-crista (Sapajus robustus) é uma espécie de macaco-prego endêmica do Brasil que vive em uma faixa restrita de Mata Atlântica entre o sul da Bahia, leste de Minas Gerais e Espírito Santo, e ao sul do Rio Jequitinhonha e norte do Rio Doce. Estima-se que a população desta espécie tenha sofrido um declínio de 50% nos últimos 48 anos, fazendo com que entrasse na lista das espécies consideradas ameaçadas. As principais causas desse declínio são a fragmentação do hábitat e a perda do território em que esses animais vivem para dar lugar à criação de gado e ao plantio de cacau. Conhecer os hábitos de uma espécie é o primeiro passo para formular uma estratégia de conservação que seja exitosa.
Na minha estadia na RPPN andei muito, mesmo nos dias de sol abrasador e nos dias de chuva torrencial, acompanhada pelos valorosos guias locais. Eles, com amor e experiência, me ensinaram a reconhecer os diferentes barulhos e a prestar atenção a cada minúsculo detalhe.
Com minha grande satisfação, memorizei todas as trilhas e os atalhos secretos entre as árvores. Também, passei muitas horas numa cabana de galhos e folhas, construída com habilidade pelos funcionários da reserva, na única área em que o dossel das árvores deixava espaço livre para a passagem dos raios do sol. Lá, foram colocadas duas armadilhas automáticas, e dentro destas nós trazíamos frutas e ovos cozidos para atrair os macacos-prego. Na cabana, calados para não revelar nossa presença, esperávamos que pelo menos um indivíduo entrasse para comer. Desta maneira podíamos capturar ele, pôr o radio colar e assim seguir nos meses seguintes o grupo ao qual ele pertencia. Nos primeiros dias fiquei no esconderijo 12 horas diárias, junto com o dr. Tiago Falótico, com a esperança que a captura desse certo. Infelizmente, ela ainda não teve sucesso. Mas, nas horas de espera, o silêncio era magnético, intenso como só a voz da natureza sabe ser. Fora daí, o cheiro de musgo úmido, misturado com o calor do ar e o céu enérgico entrelaçava brilhantemente entre as árvores e as folhas, restituindo à pele uma sensação estranha. Era como estar dentro de uma bolha mágica suspensa no tempo.
Quando, andando, escutávamos barulhos de pulos entre galhos, sabíamos que os macacos ficavam bastante perto de nós. Então, nos escondíamos imóveis e atentos atrás de uma árvore, esperando o momento certo para observar os animais no alto, gravar um vídeo ou tirar umas fotos. Cada vez, eu tinha que registrar o ponto GPS do encontro, ação importante para depois designar um mapa bastante preciso da área da espécie na reserva.
Antes da experiência no Brasil, eu nunca tinha visto um primata fora dum jardim zoológico. Ver tantos deles todos juntos no seus habitat natural fazia que eu tremesse de emoção. Foi uma surpresa indescritível. Eles eram curiosos, e ao mesmo tempo tinham medo. Os mais atrevidos nos estudavam atentamente, e desde o alto piscavam os olhos na nossa direção como para entender o que estávamos fazendo. Outros, mais tímidos, apareciam entre as folhas, e logo depois se escondiam, temerosos pelos barulhos da minha câmera fotográfica. Eu os vi andar, pular, comer, esfregar-se, brincar, cruzar os rabos, ameaçar-nos com galhos como defesa. Cada vez, percebi a força da evolução destacar-se orgulhosa em frente aos meus olhos.
Ao redor do lugar preparado para captura, a mata persistia poderosa, selvagem e intacta. Ela me surpreendia sempre com as ilimitadas tonalidades de verde e os cursos d’água que surgiam de repente logo depois dum dia de chuva. Gostei de seguir o voo daquelas borboletas azuis, grandes como uma mão, e adorei esperar a vermelhidão do pôr do sol escondido entre as palmeiras. Antes de dormir, eu amava observar a dança elegante dos vaga-lumes que iluminava a escuridão compacta da noite.
Cada olhada na mata doava uma sensação de imensidão e de paz que inchava o coração de assombro. Tudo fazia viver uma serenidade que agora se tornou quase necessidade.
A NeoPReGo deu para mim a oportunidade de seguir pela primeira vez uma pesquisa científica de campo, de ver paisagens impressionantes e de coletar autonomamente dados inéditos sobre animais difíceis de encontrar no habitat natural. Além disso, tive o privilégio de conhecer uma cultura simples e pura, verdadeiramente ligada aos valores fundamentais da existência. Conheci pessoas boas, cuja vida segue ainda distante da superficialidade inútil deste mundo.
Sei que aprendi muito como pesquisadora, de uma natureza as vezes hostil, e as vezes amiga. E sei que cresci como pessoa, com a sabedoria de homens incansáveis e pacientes. Homens resolvidos, apaixonados pela mata e pela terra, que emociona e oferece comida em abundância.
Agora voltei a minha casa, em Roma. Sorrindo, olho para as fotos coletadas com carinho e fico profundamente agradecida por ter conhecido as maravilhas de um mundo autêntico, difícil e acolhedor, de qual nós, ingratos, muitas vezes nos esquecemos.
Giulia Assogna
Un’italiana nella Foresta Atlantica
Ho avuto il piacere di collaborare con la ONG “NeoPReGo” (Neotropical Primates Research Group) nei mesi di maggio e giugno 2018 a Porto Seguro, sud dello stato di Bahia (Brasile), nella “Reserva Particular do Patrimonio Natural Rio do Brasil”, una porzione di Foresta atlantica brasiliana preservata dal 2008. Il mio contributo al lavoro della NeoPreGo nella Riserva è stato parte di un progetto di mobilità internazionale chiamato TornoSubito, sviluppato e supportato dalla regione Lazio (Italia), cui partecipo in quanto biologa ed educatrice.
Per me, che ho sempre vissuto in una grande città come Roma, è stata un’esperienza meravigliosa vivere a così stretto contatto con la natura. Il cinguettio degli uccelli e il richiamo potente dei Guigò (Callicebus melanochir), udito in lontananza, erano la mia sveglia, all’alba. Il mio maggior incarico quotidiano in foresta consisteva nel ricercare i gruppi di Sapajus robustus (Cebi dal ciuffo), specie endemica della Mata Atlantica brasiliana, incontrando farfalle turchesi, procioni sudamericani, alberi imponenti e foglie giganti. L’obiettivo dello studio era acquisire quante più informazioni possibili riguardo le popolazioni di questa specie presenti nell’area, le cui abitudini sono ancora poco conosciute alla scienza. Sapajaus robustus è infatti una specie minacciata di estinzione principalmente a causa della perdita di habitat, modificato per far spazio a piantagioni di cacao, di caffè e per l’allevamento del bestiame. Secondo la IUCN c’è stato un declino del 50% della numerosità della specie negli ultimi 48 anni, tanto che il suo areale è ormai limitato alla regione compresa tra il sud di Bahia, nord di Espírito Santo e nord-est di Minas Gerais. Conoscere le abitudini della specie è il primo passo per poter formulare una strategia di conservazione ottimale.
Durante la mia permanenza nella RPPN ho camminato senza sosta, accompagnata da valide ed esperte guide locali, sia nelle giornate torride, sia sotto ai temporali. Loro, con perizia e amore, mi hanno insegnato a distinguere i suoni della foresta e a fare attenzione ad ogni piccolo dettaglio. Con mia grande soddisfazione, ho imparato a memoria i percorsi, le scorciatoie e i passaggi segreti tra gli alberi. Ho trascorso anche tante ore in una capanna di foglie, costruita con maestria dai lavoratori della riserva, nell’unica area dove la canopy vegetale lasciava un po’ di spazio libero al passaggio dei raggi del sole. Lì avevamo collocato due gabbie automatiche, e all’interno di queste posizionavamo della frutta fresca e delle uova sode per attrarre gli individui. In silenzio, per non rivelare la nostra presenza, aspettavamo nella capanna che almeno uno di loro entrasse a mangiare, per poi catturarlo, apporre il radiocollare e poter seguire così il suo gruppo di appartenenza nei mesi successivi. Nei primi giorni sono rimasta all’interno del nascondiglio per 12 ore consecutive, insieme al dottor Tiago Falotico, sperando, invano, che la cattura avesse successo.
Nelle interminabili ore di attesa il silenzio era magnetico, profondo come solo la voce della Natura sa essere. Fuori da lì, l’odore di muschio umido, misto al caldo dell’aria e al cielo potente che s’intrecciava luminoso tra i rami e le foglie, mi restituivano una sensazione strana, come di essere rinchiusi in una bolla sospesa nel tempo. Camminavamo ininterrottamente, dall’alba al tramonto. Quando riuscivamo a sentire rumore di salti tra i rami, sapevamo che i cebi erano abbastanza vicini a noi. Allora ci nascondevamo dietro qualche albero, immobili e vigili, aspettando il momento opportuno per registrare un video o fare qualche foto. Dovevamo segnare il punto GPS, per poi poter ricostruire una mappa sufficientemente precisa dell’areale della specie.
Prima di questa esperienza in Brasile, io non avevo mai visto un primate fuori da un giardino zoologico, e vederne tanti tutti insieme nel loro habitat naturale mi faceva tremare dall’emozione. Era una sorpresa indescrivibile. Erano curiosi, e al tempo stesso avevano paura. I più sfacciati ci studiavano attentamente, e strizzavano gli occhi guardandoci dall’alto. Altri, più timidi, facevano capolino da dietro le foglie, e si nascondevano subito dopo, spaventati dal rumore della macchina fotografica. Li ho visti camminare, saltare, grattarsi, giocare, incrociare le loro lunghe code e minacciarci con i rami in segno di difesa. Ogni volta, ho percepito la forza dell’evoluzione stagliarsi fiera davanti ai miei occhi. La foresta incontaminata, vivace e temibile al tempo stesso, si estendeva tutt’intorno all’area predisposta alla cattura. Mi sorprendeva sempre con i suoi innumerevoli toni del verde e i corsi d’acqua impetuosi, che sorgevano all’improvviso poco dopo un acquazzone. Mi affascinava seguire il volo inquieto delle farfalle, grandi quanto il palmo di una mano, e con gioia aspettavo il rosseggiare del tramonto nascosto tra le palme. Prima di dormire, osservavo incantata la danza elegante delle lucciole, che rischiarava il buio fitto della notte. Ogni sguardo nella foresta regalava una sensazione d’immensità e di pace che riempiva il cuore di stupore, e faceva vivere un’armonia che ora mi sembra un’esigenza.
La NeoPReGo mi ha dato l’opportunità di accompagnare per la prima volta una ricerca scientifica su campo, di vedere paesaggi impressionanti e di raccogliere in autonomia dati inediti su animali difficili da incontrare nel loro habitat. Oltre a questo, ho avuto il piacere e l’onore di conoscere una cultura semplice e genuina, veramente legata ai valori fondamentali della vita e ancora lontana dalla superficialità inutile che sembra ormai inevitabile in questo mondo.
So di aver imparato tanto come ricercatrice, da una natura a volte ostile e a volte amica. E so di essere cresciuta come persona, grazie alla saggezza di uomini infaticabili e pazienti. Uomini innamorati della loro terra, che emoziona e offre cibo in abbondanza.
Ora sono tornata a casa, a Roma. Sorridendo guardo le foto raccolte con cura, e mi sento profondamente fortunata per aver conosciuto le meraviglie di un mondo autentico, difficile ma accogliente, di cui noi, ingrati, troppo spesso ci dimentichiamo.
Giulia Assogna